sábado, 17 de dezembro de 2011

Um dia qualquer

Há uns mil anos eu escuto meu pai dizer que "aniversário é um dia qualquer". Para aqueles que não perdem uma oportunidade de encher a cara, enfiar o pé na jaca e adoram se sentir no direito de fazer tudo o que der na telha com a desculpa de "ah, pelo menos hoje, né?! meu aniversário, poxa!", isso é conversa fiada ou encheção de saco. E uns 999 anos atrás eu até concordaria, afinal, é o único dia do ano em que a gente é/acha que deveria ser o centro das atenções. Mas não é que depois de um tempo cansa todos aqueles votos de "paz, amor, alegria, saúde, felicidade..."? E afinal, a gente comemora o quê? Mais um ano vivido? Mais um ano que se foi? Menos um que a gente vai viver? (olha a contagem regressiva...)
Aí eu penso nos outros feriados: Dia das Mães, dos Pais, Carnaval, Páscoa, Festa de Ano Novo... Sem as festas, os presentes, os porres, as pessoas ainda pensariam em comemorações? Mas... acho que essas datas universalmente instituídas servem pra isso: pra gente ter motivo pra festejar, se reunir... talvez porque não valorizamos nossos pais, mães, crianças e todos os homenageados como deveríamos no decorrer do ano, aí reservamos um dia pra eles.
Mas aniversário, sei lá... hoje (dia em que, oportunamente, completo 23 anos) eu já acho meio estranho comemorar um ano a mais que você viveu, que passou. Faz mais sentido festejar os que virão, mas a gente não sabe como eles vão ser, e muito menos quantos serão.
Aniversário representa uma passagem de tempo, não um feito ou uma grande acontecimento (de novo, na maioria dos casos). E se, em último caso, for a celebração da vida, por que tantos escolhem arriscar a própria justamente nessa data?
Mas, se de fato existe algum significado para esse dia, eu prefiro que seja o da reflexão da nossa existência, de nós mesmos. Não dispenso nem estou desfazendo dos abraços e dos desejos de felicidades. Só penso que não devemos focar demais nas festividades modernas e esquecer das razões, e do que realmente importa.