quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Outros olhares sobre o acidente da Tam

Tarde do dia 17 de julho. Estava eu de férias em Montes Claros, Minas Gerais (onde mora a grande maioria de minha família) assisitindo aos jogos PanAmericanos. De repente, a Globo pára a tansmissão dos jogos para mostrar imagens do acidente da Tam. Naquele momento, não dei tanta importância ao fato. Na verdade, a palavra não é importância. Simplesmente não considerei a possibilidade de passar vários minutos vendo as chamas. E imaginando o acidente. No outro dia, percebi que "O ASSUNTO" era o acidente da Tam. E no decorrer da semana. E da outra também. Então pensei em algo que acredito que poucas pessoas pensariam em meio a uma tragédia como essa: "Não tem mais nada acontecendo no mundo não???". Na semana do acidente, tudo o que se via na televisão (meio de comunicação ao qual eu tinha mais acesso nas férias) era Acidente da Tam, Pan, e por poucos momentos, a morte do ACM. Não estou dizendo que a morte de 199 pessoas não seja importante. Mas depois disso, muitos questionamentos me vieram a mente. Reflexões que podem parecer vir de uma pessoa insensível, que não está nem aí pra morte dessas pessoas. Mas eu acho que a gente tem que refletir sobre os erros, mesmo tendo sido cometido pelos outros, e aprender com eles.
Percebi o quanto as pessoas se interessam pela tragédia alheia. Há pessoas que querem ver os corpos carbonizados. Assim como no acidente do jato Legacy e o boing da Gol, há um interesse muito grande em ver os cadáveres. Ontem, vi um post num blog em que o autor criticava isso: o desejo mórbido pela tragédia humana.
Notei como as pessoas podem se voltar tanto para um, ou dois acontecimentos, e deixar os outros de lado. Não só as pessoas, como a mídia. Sei que vivemos uma época de caos no setor aviário, e relamente, a coisa tá feia mesmo. Só que isso todo mundo já sabe. Até quem não viaja de avião. E isso me levou a outra reflexão.
É tanta reportagem acerca dos aeroportos que ninguém se importa com a população que não viaja de avião. Acho que a última vez que viajei de avião foi em 2005, ou 2004. Viajar de avião é rotina para poucos, se comparado ao resto da população. Agora andar de ônibus por exemplo, faz parte do cotidiano de muitos. Ontem, indo à faculdade, entrei num ônibus que, depois de duas ou três paradas, lotou. Só pra dar uma idéia: imagine que, ao invés de colocar um par de cada animal na Arca de Noé, decidiram colocar todos. Acho que mais um pouco e teria gente brigando por ar lá. Mas a mídia não se importa com as dificuldades de transporte da população. Pelo menos não com as da que não viaja de avião.
O acidente da Tam fez a população se voltar pAra esse fato de maneira tão intensa, a ponto de esquecer seus problemas. Nos deixamos anestesiar pela tragédia dos outros e esquecer de nós mesmos. Tá certo, não tenho parente ou amigo vítima do acidente. E é por isso que não me sensibilizei tanto com isso. Chorar faz bem, é uma das formas de mostrar a dor, protestar, exigir explicações, tudo isso é compreesível. Mas pelo menos para mim, pensar constantemente na tragédia só vai fazer mal. Tenho pavor a essas imagens de corpos carbonizados, chamas e acidentes em geral. E desses fatos, cada um tira uma lição. Cada um aprende. E com o tempo, as pessoas que perderam entes queridos aprender a viver com a dor. Porque não há como voltar no tempo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

No semestre passado, no seminário de português, meu grupo ficou encarregado do livro "Enterro Celestial", de Xinran. A obra é sobre uma chinesa que decide ir para o Tibet procurar seu marido, desaparecido durante a guerra entre o Tibet e a China. E nessa busca, ela vive no Tibet por 30 anos. (Isso mesmo, TRINTA ANOS!!!) Na divisão do conteúdo, minha parte foi fazer um breve resumo do livro, e falar um pouco sobre a vida da autora. No início, não encontrei muita coisa sobre ela, então, decide procurar em sites em inglês. Foi só aí que pude mergulhar em seu mundo. Acredito que a cultura oriental, por ser tão diferente da nossa, nos atrai. Gostei muito da história de Xinran: quase não teve contato com seus pais, devido a Revolução Cultural, o que comenta em seu livro "As Boas Mulheres da China" (maravilhoso); josrnalista que "levantou o véu das chinesas" através de seu programa de rádio noturno, "Palavras na brisa noturna. Como não pode publicar seu primeiro livro, "As Boas Mulheres da China" na China, mudou-se para a Inglaterra. Tem um filho, e é casada com um britânico. Atualmente, é colunista do jornal inglês "The Guardian".
Na minha pesquisa, descobri que ela fundou uma instituição que apoia crianças chinesas e suas famílias, adotivas ou não, para que tenham maior contato com a cultura chinesa. O endereço é www.motherbridge.org/. Logo no começo, tem um texto lindo que eu gostaria de colocar aqui:

Legacy of an adopted child

Once there were two women who never knew each other
One you do not remember, the other you call mother
Two different lives shaped to make you one
One became your guiding star; the other became your sun
The first one gave you life, and the second taught you to live it
The first gave you a need for love. The second was there to give it
One gave you a nationality. The other gave you a name
One gave you a talent. The other gave you aim (direção)
One gave you emotions. The other calmed your fears
One saw your first sweet smile. The other dried your tears
One sought (seek) for you a home that she could not provide
The other prayed for a child and her hope was not denied
And now you ask me, through your tears,
The age-old question unanswered through the years
Heredity or environment, which are you a product of?
Neither, my darling. Neither. Just two different kinds of love

Author unknown
Proud and loving mother to the amazing Emma Yu Qiao Qiao

Tradução:

Legado de uma criança adotada

Era uma vez duas mulheres que não se conheciam
De uma você não se lembra, a outra, você chama de mãe
Duas vidas diferentes para torná-la uma
Uma tornou-se seu guia, a outra, seu sol
A primeira te deu vida, a outra te ensinou a viver
A primeira te deu a necessidade de amar. A outra te deu amor
Uma te deu uma nacionalidade. A outra te deu um nome
Uma te deu um talento. A outra te deu uma direção
Uma te deu emoções. A outra acalmou seus medos
Uma viu seu primeiro sorriso. A outra secou suas lágrimas
Uma procurou para você o lar que ela não pôde dar
A outra rezou por uma criança, e seu pedido não foi negado
E agora você me pergunta, aos prantos,
A velha pergunta que não foi respondida durante os anos
Hereditariedade ou o meio, de qual é você produto?
De nenhum, minha querida, de nenhum. Apenas dois tipos diferentes de amor

Autor desconhecido
Mãe amorosa e orgulhosa da maravilhosa Emma Yu Qiao Qiao

No site, tem o texto e uma mulher lendo-o. (só áudio)