terça-feira, 5 de maio de 2009

NA NATUREZA E DENTRO DE SI MESMO


NA NATUREZA SELVAGEM
A dramática história de um jovem aventureiro

O jovem aventureiro é Chris McCandless.
O destino: o Alasca. O objetivo: encontrar-se.
Chris tinha acabado de se formar na faculdade, com 22 anos, como um dos alunos mais brilhantes. Doou todo o dinheiro que tinha no banco (U$ 24,000) para uma instituição de caridade (Oxfam) e assumiu o nome de Alexander Supertramp numa viagem de mais de 2 anos. Até chegar ao Alasca, Chris conheceu muitas pessoas e passou por diversos lugares. Mas não era só o Alasca que Chris procurava.
Jon Krakauer conta também a história de muitos jovens como Chris, incluindo a si mesmo.
O filme, dirigido por Sean Penn e estrelado por Emile Hirsch, foca na história de McCandless.

Honestamente, não acredito que ele era louco. Às vezes, não sei se a sociedade na qual vivemos nos aproxima ou nos afasta de nós mesmos. Será que as coisas realmente são complexas? Ou somos nós que as dificultamos?
Poucas pessoas sabem o que, de fato, as faz feliz. Isso porque, acredito eu, não sabemos quem somos. Como saber o que agrada ou não um desconhecido? E Chris foi em busca de si mesmo. Talvez, não só disso. (Não que isso seja pouco.) Tenho a suspeita de que, em certos momentos na vida, perdemos o significado das coisas. Estamos sempre fazendo, agindo. E esquecemos de pensar no que fazemos. O ritmo frenético que o mundo nos impõe impede a reflexão do dia-a-dia. Fazemos e pronto. Mas por que fazemos? Pra quê? Pra quem? Esquecemos de questionar, de buscar respostas. E Chris foi atrás disso.
Podemos especular o quanto quisermos acerca do que realmente levou Chris à esta aventura. Fato é que nunca teremos certeza.
Eu só acho que, no final das contas, nada do que conseguimos aqui, levamos.
Mas aqui dentro, isso fica para sempre.


O deserto é o ambiente de revelação, estranho genética e fisiologicamente, sensorialmente austero, esteticamente abstrato, historicamente hostil. [...] Suas formas são nítidas e sugestivas. A mente é assediada por luz e espaço, a novidade sinestésica da aridez, alta temperatura e vento. O céu do deserto é abarcante, majestoso, terrível. Em outros hábitats, a linha do céu acima do horizonte é quebrada ou obscurecida; aqui, junto com a parte acima da cabeça, é infinitamente mais vasta do que a do campo ondulado e a das florestas. [...] Num céu desobstruído, as nuvens parecem mais imponentes, refletindo às vezes a curvatura da Terra em suas concavidades inferiores. A angulosidade das formas terrestres do deserto empresta uma arquitetura monumental tanto à terra como às nuvens. [...]
Ao deserto vão profetas e eremitas; pelo deserto cruzam peregrinos e exilados. Aqui, os líderes das grandes religiões buscaram os valores terapêuticos e espirituais do retiro, não para fugir da realidade, mas para encontrá-la.


Paul Shepard. Homem na paisagem: uma visão histórica da estética da natureza
[página 36 do livro “Na natureza selvagem”]

Um comentário:

Heli Suassuna disse...

Chris McCandless não apostava nas experiências humanas e sim nas experiências com a natureza. Fico pensando se eu conseguiria pensar assim. Se ele estava certo. E como ele conseguia pensar e agir assim. Ele conheceu tantas pessoas boas que realmente gostaram dele, no entanto, jamais demonstrou compaixão pelo sentimento delas por ele. Isso nos é estranho. Acho que ele era uma raridade, ou a vontade de muitos que não têm a coragem de assumir.